quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Fichamento 2

CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora? Revista Informática Educativa, UNIANDES – LIDIE, vol. 12, n. 1, 1999, p. 11-24.


Resumo:
Esse texto é dividido em quatro tópicos: História da Tecnologia Educacional; Inovação Conservadora; Internet, Informação e Educação; Uma Concepção Fenomenológica da Tecnologia Educacional. Em base, o texto analisa o uso das novas tecnologias da informação, caracterizado como inovação conservadora em educação, além de aspectos da comunicação na sala de aula que podem ser modificados, ampliados ou reduzidos com os recursos da informática.
Tendo como base principal a realidade cotidiana de grande parte das escolas públicas brasileiras, o autor procura expor suas ideias resultantes da própria vivência em diversas instituições educacionais. Com isso, ele levanta questionamentos sobre a qualidade do ensino, os novos desafios e as novas abordagens da comunicação mediada pelas tecnologias da informação.

Citações do texto:
“Tudo tem uma história, explícita ou não, cabendo ao conhecedor crítico tentar desvendá-la, interpretá-la e usá-la para não repetir erros”. (p. 12)

“Nossa utopia é sempre tentar mudar a história futura para melhor, e não defendo posições tradicionalistas ou contrárias à tecnologia na educação. Vejo as novas tecnologias como mais um dos elementos que podem contribuir para melhoria de algumas atividades nas nossas salas de aula. Por outro lado, também não adoto o discurso dos defensores da nova tecnologia educacional, que mostram as mazelas da escolas (algo muito fácil de se fazer), deixando implícito que nossos professores são dinossauros avessos a mudanças. É um discurso tentando nos convencer a dar mais importância a objetos virtuais, apresentados em telinhas bidimensionais, deixando implícito que a aprendizagem com objetos concretos em tempos e espaços reais está obsoleta”. (p.14)

 “O fato de se treinar professores em cursos intensivos e de se colocar equipamentos nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria da qualidade do ensino”. (p.15)

“A história da tecnologia educacional contém muitos exemplos de inovação conservadora, de ênfase no meio e não no conteúdo. Devido ao efeito dramático, sedutor, da mídia, em certos casos a atenção era concentrada na aparência da aula, tomando-se como algo “dado” o conteúdo veiculado, seja na sala de aula por transparências ou filmes, ou pela difusão ampla de conteúdos, através da TV, do rádio ou mesmo de livros textos cheios de figuras, cores, desenhos, fotos”. (p.16)

“A presença da tecnologia na escola, mesmo com bons software, não estimula os professores a repensarem seus modos de ensinar nem os alunos a adotarem novos modos de aprender. Como ocorre em outras áreas da atividade humana, professores e alunos precisam aprender a tirar vantagens de tais artefatos”. (p.18)

“Outro aspecto que pode confundir o educador é o discurso da necessidade da informação (colocado por Seymour Papert, e por alguns conferencistas de congressos de informática), que nos causa de inicio certa angústia ao concluirmos que a escola não tem acesso imediato à enorme quantidade de informação que é produzida diariamente no mundo”. (p.18)

“Para a formação básica de uma criança e para resolução dos problemas que alguém encontra no dia a dia, as informações mais relevantes são aquelas amadurecidas pelas gerações passadas, pelo tempo, ou aquelas encontradas na própria comunidade, acessíveis através de meios mais simples como jornais e pelo contato humano no próprio grupo social, não aquilo que está ocorrendo em Nova Iorque ou em Tóquio e colocado na Internet”. (p.19)

“Embora a Internet seja um recurso com muito potencial para determinadas atividades educativas, ela também pode ser mais um fator de colonialismo cultural, pois estamos recebendo a informação daqueles que tem condições de colocá-la nos computadores, reduzindo nossa presença e ampliando o alcance do poder de suas idéias, com todos os fatores associados do formato hipertexto, da velocidade, de multi-representações”. (p.20)

“(...) é muito importante que coloquemos tais máquinas nas mãos de nossas crianças e adolescentes, porém sempre predominando o ato de educar, de examinar criticamente - numa atitude freiriana -, aquilo que está lá”. (p.20)

 “Nossa experiência da realidade é transformada quando usamos instrumentos {Ser Humano > (máquina) > Mundo}. Através do instrumento há uma seleção de determinados aspectos da realidade, com ampliações e reduções. A amplificação é o aspecto mais saliente e pode nos deixar impressionados, maravilhados, ao experimentarmos coisas (ou aspectos de objetos conhecidos) que não conhecíamos antes, com nossos sentidos nus. A redução, ao contrário, é recessiva e pode passar despercebida, uma vez que não ocupa necessariamente nossa consciência, impressionada com o novo”. (p.21)

“Uma das conclusões de uma primeira análise fenomenológica superficial é que a tecnologia não é neutra, no sentido de que seu uso proporciona novos conhecimentos do objeto, transformando, pela mediação, a experiência intelectual e afetiva do ser humano, individualmente ou em coletividade; possibilitando interferir, manipular, agir mental e ou fisicamente, sob novas formas, pelo acesso a aspectos até então desconhecidos do objeto”. (p.21)

 “Além de ampliar os sentidos, condicionando a experiência da realidade, as tecnologias da informática, amplificam aspectos da capacidade de ação intelectual”. (p.22)

Comentários:
De acordo com as ideias expostas no texto, acho importante ressaltar a necessidade de se atentar às mudanças decorrentes do uso das tecnologias na educação, com a finalidade de aproveitá-las para a melhoria da qualidade de ensino e não como mais instrumentos que qualificam determinada instituição apenas por possuírem, mas visando uma melhoria na quantidade da educação. Outro fator que se destaca é a atenção aos pensamentos dos educadores que, muitas vezes, e sentem constrangidos com o excesso de informações disponibilizadas por meio das novas tecnologias. É preciso que eles se adaptem às transformações, porém é um desafio fazê-los modificar toda a metodologia empregada em sua rotina escolar. Contudo, é possível notar que o processo de atualização dos professores não é suficiente para que a inclusão das tecnologias na educação seja sinônimo de qualidade no ensino. Muitas vezes, os equipamentos são utilizados para realizar tarefas que outras ferramentas já realizavam. A leitura e escrita, por exemplo, estão sendo, cada vez mais, adaptadas ao mundo eletrônico. No entanto, isso não significa que os livros, papéis e lápis perderam suas funções. Apenas mudaram as aparências, devido, dentre outros fatores, à praticidade e rapidez para a execução e o compartilhamento das atividades. Acredito que para a utilização das tecnologias na educação seja eficaz, é preciso  antes de tudo a consciência dos educadores quanto à necessidade de se pensar criticamente, sem se deslumbrar com o excesso de notícias transmitidas. Assim, ao selecionar quais informações são realmente relevantes para a realidade da comunidade escolar, o uso das tecnologias se aproxima da meta de melhoria da qualidade de ensino.

Questionamentos:
Com base nos conceitos discutidos no texto, me pergunto se com os avanços tecnológicos, além da constante atualização quanto novidade que surgem, cada vez mais, no contexto escolar, o que os educadores podem fazer para que não se sintam inúteis, desvalorizados no processo de ensino e aprendizagem e de que forma seria possível afirmar que o uso das tecnologias é sinônimo de qualidade educacional e não apenas ferramentas inovadoras que surgem para substituir os tradicionais instrumentos de ensino?

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